Produção, montagem e apresentação do texto “Doce Amargo” do autor contemporâneo paulista Leonardo Alkmin.

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O texto da encenação é composto por 3 histórias, cada uma delas possuem características dramatúrgicas distintas, mas tratando do mesmo tema: os entraves e dissabores que uma comunicação não efetiva e as estruturas estabelecidas trazem para a construção e a vivência das relações amorosas. No texto sempre um casal e um banco.

As 3 histórias foram escritas em estilos diferentes.

A primeira história tem caráter cômico muito semelhante aos filmes de Woody Allen (exemplo de “Annie Hall”) mostrando os revezes do desenvolvimento de uma relação amorosa, provocando o riso de si mesmo nas situações cotidianas de um casal. Possui uma narrativa cômica onde as personagens são editoras da própria relação amorosa que desejam construir, mesmo que ainda presas às estruturas obrigatórias impostas pelo modo monogâmico de se relacionar. Narra a trajetória de um casal, desde o momento que se conhecem até a separação, sendo que esta relação amorosa é construída a partir do que a sociedade espera dos papeis masculino e feminino.

O segundo texto possui um tom mais dramático, sendo uma referência os textos de Arthur Miller; sem abrir mão do humor, porém um humor ácido, cortante, desconfortável. Seguindo uma linha mais dramática, as personagens já estão num casamento consolidado e laureado por seu entorno, porém não alcançaram uma boa comunicação e cuidado exigidos para uma relação verdadeira. A solução mágica é “abrir a relação”. Texto ácido e doloroso, que esbarra na crueldade que é capaz de crescer dentro das relações amorosas desgastadas pelas dores e insatisfações de cada um.

O terceiro texto rompe com a comicidade, possuindo uma estrutura dramatúrgica intercortada, onde os silêncios muitas vezes prevalecem, com uma dramaturgia e enredo mais contemporâneo.  Duas personagens que já viveram uma “história de amor” no passado se encontram num parque. Nesse encontro são levados a relembrar o que aconteceu, tendo cada uma a sua visão da relação. Ele em sua paixão avassaladora e sua potência como macho alfa; ela numa paixão que não a contempla como pessoa.

Mulheres que se movem e homens que ficam. Em cada história mulheres em momentos diferentes. Na primeira ela compra o jogo, na segunda ele rompe, na terceira ela já foi.

Nas três histórias destaca-se as diferenças de posturas e atitudes dos papeis femininos e masculinos, carregando nos papeis femininos, mulheres em transformação e nos masculinos, homens sendo afrontados por novas atitudes e questionamentos.

Um retrato sutil das mudanças causadas pelos novos pensamentos das lutas feministas, numa sociedade que ainda se agarra a conceitos que não contemplam nenhum dos gêneros.